É preciso ficar atento à síndrome de burnout. Afinal, ficar cansado depois de uma semana de trabalho é normal. No entanto, quando o estresse e a exaustão são excessivos a ponto de afetar a sua saúde mental, se torna um perigo com possíveis sequelas a longo prazo.
Você sabe o que é síndrome de burnout?
Também chamada de Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio que se manifesta por meio de sinais como estresse e exaustão ao extremo, além de esgotamento físico.
Isso acontece quando o trabalhador é exposto a um local de trabalho desgastante. Ou ainda em um ambiente profissional onde existe muita competitividade. Assim, a principal causa também é o excesso de tarefas.
Por último, essa condição surge quando a pessoa impõe metas a si mesma muito ambiciosas ou difíceis de atingir, bem como, se vê incapaz de cumprir certas demandas.
O psiquiatra Herbert J. Freudenberg e o burnout
A definição síndrome de burnout surgiu nos anos 70 pelo psicanalista Herbert J. Freudenberger. O próprio reconheceu os sinais do distúrbio em si mesmo.
Ele também identificou os sintomas em seus colegas que viviam com sobrecarga de trabalho. Assim, por essa rotina intensa, tratavam seus pacientes com negligência e desprezo.
3 pilares da síndrome de burnout
A condição possui três faces, a primeira delas de exaustão emocional (falta de energia). Depois, nota-se a despersonalização (tratamento distante para com colegas de trabalho e clientes). Por último, a baixa realização (profissional se auto avalia de modo negativo).
Quais os sintomas da síndrome de burnout?
Alguns dos sinais são dor de barriga, tonturas, cansaço em excesso e nervosismo, além de outros como:
- Insônia;
- Dor de cabeça;
- Pressão alta;
- Cansaço mental e físico;
- Isolamento;
- Dor nos músculos;
- Fadiga;
- Negatividade;
- Falta de foco e de apetite;
- Sentimento de insegurança, fracasso e incompetência.
Há ainda outros sintomas clássicos da condição também que incluem, acima de tudo, a falta de vontade de sair de casa ou mesmo da cama, bem como, o estresse frequente.
Fases da síndrome de burnout
Gail North e Freudenberg detalharam o caminho que leva à síndrome de burnout. Assim, a condição se divide em 12 etapas que variam em intensidade ou ordem. Portanto, são eles:
- Forte necessidade de receber aprovação;
- Trabalho em excesso;
- Esquecer da vida pessoal;
- Não enfrentar as situações;
- Revisão de valores;
- Negar que existe um problema;
- Isolamento;
- Mudança de atitude;
- Age de modo distante com todos;
- Vazio interno;
- Depressão;
- Burnout.
Na última fase, acontece o colapso físico e mental, assim, a pessoa não consegue mais trabalhar. Dessa forma, a única opção neste momento é buscar ajuda profissional e se afastar do emprego por um tempo.
Sequelas do burnout
Alguém que possui essa síndrome tem todos os aspectos da vida afetados. Seja na relação com a família, amigos ou colegas de trabalho. Mais do que isso, essa condição pode prejudicá-lo a longo prazo.
Um exemplo disso é que pode afetar a imunidade. Dessa forma, ela passa a ficar mais vulnerável a certas doenças. Portanto, se torna suscetível a gripes com mais facilidade.
Como diagnosticar a síndrome de burnout?
O diagnóstico da síndrome de burnout é feito depois que o especialista na área faz uma avaliação clínica do paciente. No geral, o psicólogo e o psiquiatra são os profissionais mais adequados para identificar esse distúrbio. Bem como, a melhor forma de tratar a condição.
Instrumentos de investigação do burnout
Para analisar se o caso de uma pessoa é burnout, é necessário medir o quão intensos são os sintomas. Mas, não é fácil avaliar algo tão abstrato. De fato, é difícil calcular em números o quanto alguém está exausto.
Diante disso, a psicóloga social Christina Maslach criou um método, o MBI (Maslach Burnout Inventory). Ele é um tipo de questionário que identifica as três dimensões da síndrome.
A partir disso, o paciente responde cada pergunta de acordo com a intensidade do seu sentimento e no fim disso, tem-se uma pontuação. Então, se a pessoa passar de um certo limite, o teste indica que ali há um caso de burnout.
Saiba que o primeiro MBI surgiu no final do ano de 1970. Hoje em dia, ainda se usa esse método, no entanto, houve diversas adaptações e atualizações para cada tipo de profissão.
Como tratar a síndrome de burnout?
O tratamento da síndrome de burnout envolve algumas mudanças no dia a dia do paciente. Assim, algumas ações essenciais são:
- Ter mais contato com a família e os amigos;
- Fazer exercícios de relaxamento;
- Praticar atividades físicas regulares;
- Adotar uma alimentação saudável.
Também é importante que a empresa se envolva e ajude o trabalhador. Dessa maneira, ela deve oferecer um local de trabalho mais agradável, mais conforto e precisa rever as metas dos seus profissionais.
Diferença do tratamento com psicólogo e psiquiatra
Com o psicólogo, o paciente vai fazer psicoterapia. Assim, por meio do tratamento psicológico, o indivíduo terá o devido apoio e espaço para compreender o que causou esse problema, bem como, vai aprender como enfrentar a síndrome.
Já com o psiquiatra, por outro lado, em alguns casos será preciso que a pessoa tome remédios como ansiolíticos e/ou antidepressivos. No geral, o tratamento começa a ter resultados dentro de um a três meses, mas isso varia de paciente para paciente.
Burnout tem cura?
Não existe uma cura para quem tem a síndrome de burnout. Mas, há formas de tratá-la de modo bem eficaz. Entretanto, isso requer algumas mudanças em seu dia a dia, a fim de evitar outro colapso.
O paciente precisa entender, antes de tudo, quais situações fazem aflorar essa condição. A psicoterapia é essencial nessa parte, portanto, se você se identificar com os sintomas aqui citados, procure ajuda.
Como prevenir esta síndrome?
A melhor forma de prevenir a síndrome de burnout é criar meios de reduzir a pressão, bem como, o estresse no trabalho. Isso porque, condutas mais saudáveis evitam que a síndrome surja. Além disso, ajuda a amenizar os sinais do distúrbio logo no princípio.
Veja, então, algumas dicas essenciais que podem auxiliá-lo na prevenção do problema:
- Faça atividades de lazer com a família e os amigos;
- Crie pequenas metas na vida pessoal e profissional;
- Afaste-se de pessoas negativas e que reclamam demais;
- Tenha alguém de confiança com quem possa desabafar;
- Vá para a academia, caminhe ou invista em qualquer outra atividade física;
- Evite bebidas com álcool, cigarros e outras drogas;
- Nunca se automedique.
Ter boas noites de sono também é fundamental para prevenir essa síndrome. Dessa forma, descanse pelo menos oito horas todos os dias. Acima de tudo, busque equilibrar lazer, trabalho, família e vida social.
Apoio de amigos e familiares
Contar com o suporte da família e dos amigos é muito importante para lidar com a síndrome de burnout. De fato, eles podem ser grandes aliados para que você recupere a sua qualidade de vida e o seu bem-estar.
Diferença entre síndrome de burnout, cansaço, ansiedade e depressão
Cada uma dessas condições tem as suas características próprias. Por exemplo, o cansaço mental é um estado onde há uma falta de energia para fazer qualquer função. Dessa forma, a pessoa sente que chegou ao seu limite.
Já a ansiedade é uma reação normal diante de situações de estresse que ainda não aconteceram. Mas, em excesso e de modo frequente, afeta de maneira negativa a vida em todos os aspectos.
A depressão, por outro lado, é uma emoção de tristeza muito intensa que faz com que o paciente perca o interesse em atividades que antes lhe davam muito prazer. No geral, pode surgir depois de:
- Perder um ente querido;
- Ser demitido;
- Doenças crônicas;
- Abuso de álcool ou drogas.
Existem diversos gatilhos emocionais, além dos citados acima. Por fim, a síndrome de burnout é um estresse crônico que gera cansaço físico e mental. Bem como, também se associa a uma sensação de incompetência.
Importância da saúde mental
A saúde mental se relaciona com o modo como cada pessoa pensa, sente e age. Aliás, também é a maneira como se lida com o estresse e a tomada de decisão. Por isso, cuidar dela é essencial para viver melhor e com qualidade.
Dicas para quem sofre da síndrome de burnout
A primeira sugestão é criar planos. Ou seja, defina metas de vida sobre o que precisa fazer durante a semana ou o mês. Com isso, é possível reduzir o estresse e as preocupações futuras.
Também é essencial controlar o uso do smartphone. Dessa forma, tire um tempo para si mesmo e se imponha um limite diante das telas, seja da TV, computador ou tablet.
Outra dica é conversar com o seu gerente. Assim, alinhe as suas demandas de trabalho com ele, a fim de que ambos criem expectativas reais para uma maior produção e com mais qualidade.
Aposte na mudança do seu estilo de vida
Mais do que tudo, quem sofre com a síndrome de burnout precisa mudar alguns de seus hábitos ou ainda criar novos. Por exemplo, fazer exercícios físicos que ajudam não só a controlar e evitar essa condição, mas também outras doenças como:
- Diabetes;
- Problemas do coração;
- Câncer.
A prática de atividade física reduz os sinais da síndrome, como ansiedade e depressão. Portanto, escolha algo que lhe dê prazer como natação ou caminhada e tire um tempo para se exercitar pelo menos três vezes durante a semana.
Qualquer pessoa pode ter síndrome de burnout?
Saiba que qualquer pessoa que atua no mercado de trabalho e tem uma rotina de muito estresse, de fato, está sujeita a desenvolver esse distúrbio. Aliás, não importa a área de atuação, sexo ou idade. Mas, alguns profissionais estão mais suscetíveis do que outros.
Profissões mais afetadas pela síndrome
Essa síndrome costuma afetar aqueles que trabalham sob forte pressão e com grandes responsabilidades no dia a dia. Por exemplo, policiais, médicos, jornalistas, enfermeiros e professores, são os profissionais que correm mais risco de ter burnout.
Algumas estatísticas do burnout
De acordo com o ISMA-BR, cerca de 30% dos trabalhadores no Brasil sofrem com a síndrome de burnout. Além disso, as doenças causadas pelo estresse em excesso custam ao sistema de saúde dos EUA em torno de US$ 300 bilhões por ano.
E então, quando a OMS reconheceu o burnout?
No ano de 2022, em 1º de janeiro, o burnout ganhou uma nova classificação pela OMS. Agora, o distúrbio se tornou um fenômeno ocupacional, ou seja, do trabalho. Portanto, um estresse crônico que não foi administrado de forma bem-sucedida.
Isso quer dizer que, se o trabalhador receber o diagnóstico da síndrome, ele tem certos direitos:
- Previdenciários;
- Trabalhistas.
Na prática, então, essas regras se aplicam de modo igual aos de acidentes, por exemplo, ou quaisquer outras condições decorrentes do ambiente profissional.
Tratamento do SUS para burnout
No SUS (Sistema Único de Saúde), a RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) fornece um tratamento gratuito para quem sofre com a síndrome de burnout. Dessa forma, isso inclui:
- Consulta com um psicólogo;
- Medicamentos.
Vale lembrar que o diagnóstico deve ser feito por um especialista da área de saúde mental. Acima de tudo, não se deve ignorar essa síndrome e sua gravidade. Isso porque, muitos acreditam que é apenas um cansaço que vai passar em breve e assim, não buscam ajuda.
Como ajudar alguém que sofre desta síndrome?
A primeira ação é não julgar. Aliás, nem tente deduzir a causa, pois isso pode fazer mais mal do que bem. Dessa forma, ofereça um tempo para ouvi-lo. No entanto, tenha o cuidado de:
- Não ser invasivo;
- Respeitar a pessoa se ela não sentir vontade de desabafar.
Caso o seu convite de escuta seja aceito, por outro lado, ouça sem julgamentos e não dê conselhos ou crie soluções. Portanto, apenas aja de modo empático e acima de tudo, se faça presente.
Evite o burnout e aumente o seu foco no trabalho
Muitos empregados não procuram ajuda médica por não conhecerem os sinais da síndrome de burnout. Desse modo, na maioria das vezes, negligenciam o caso sem saber o quão grave é a situação.
Amigos e familiares, então, devem estar atentos aos sintomas e acima de tudo, precisam criar uma rede de apoio, a fim de ajudar a pessoa a procurar o auxílio de um psicólogo e de um psiquiatra. A partir disso, com o tratamento certo, recupera-se a energia e o bem-estar.